terça-feira, fevereiro 26, 2008

Joana na década de oitenta


Querendo estar operando o Telemarketing


Joana, moça de boa aparência e educada, casada, mãe de um casal, Fernando e Amanda, assim que se casou foi trabalhar como operadora de telemarketing. Adaptou-se bem ao ritmo e estilo de seu trabalho, tanto é que logo deveria estar ‘gerundando’, quer dizer, estar falando, mesmo em sua casa, como uma perfeita moça do telemarketing. Heitor, seu marido, professor de língua portuguesa, foi rendendo-se ao linguajar de sua esposa e, mesmo involuntariamente, foi passando o vício de linguagem para seus filhos, alunos e amigos. Fernando, o filho mais velho, deve estar se ferrando no vestibular. Amanda, ainda adolescente, pode estar querendo namorar alguém, ou até, quem sabe, já deve estar namorando; mas para isso precisa, como o próprio nome vai induzindo a pensar, desejar ficar ‘amando’ antes de tudo. Porém todo mundo vai estar ‘gerundando’ sempre junto, pois a família que ‘gerunda’ unida, vai permanecendo unida. Conclusão: A praga do ‘gerundismo alastrou-se, e hoje estamos queremos estar saindo desse horroroso vício de linguagem, entretanto vai ficando (ou indo ficar) cada vez mais difícil. Agora olhem que interessante: Estavam falando por aí que, há pouco tempo, foi sendo exibido um filme em que um cacique de uma tribo ia dizendo algo assim: ‘Mim cacique Paihécu gostar de trabalho leve; então mim vai estar querendo ficar ensacando fumaça.’ (Isso que é mesmo um ‘geruíndio’ filho da puta!)