terça-feira, abril 01, 2008

Estado de Segurança Nacional


Canção do Emílio
[ Emílio G’))’_+’=$ M!¨@%! ]

Minha farda tem estrelas
Não só de céu, mas também de terra e de mar
As armas vão mantê-las
Sobre meus ombros; e cada qual no seu lugar!

Estudei em colégio interno
Aliás, em escola militar
E foi lá naquele inferno
Que aprendi a torturar

Sou o terceiro; mas o segundo ‘linha dura’
E ainda tem AI Cinco, pode esperar!
Mesmo quem for doce será ‘rapadura’
Que pode até ‘prender e arrebentar’

Se virem como a história se desdobra
Em relação à presidência e sucessão
Verão que eu é quem sou ‘cobra’
E o anterior apenas Minhocão*

Por isso eu já devo avisar:
Não permita Deus que eu morra
Sem ter mais um pra torturar!

Eu não daria as costas ao inimigo
Nem o país ao amigo Costa
Eu acho tudo isso um perigo
Porque no fim acaba em bosta

É bom ouvir quando eu mandar:
Assim, não permita Deus que eu morra
Sem ter mais um pra torturar!

Todos já sabem que aqui é a lei do cão!
E muito mais do que ‘ordinária’, é ‘legal’
Se vir pobre correndo, paga que é ladrão
O rico, deixa, pois não há nada de anormal

E obedeça quando eu ordenar:
Portanto não permita Deus que eu morra
Sem ter mais um pra torturar!

Ordem social se mantém com ‘técnica e perícia’
Apenas isso, não precisa de mais nada
Todos sabemos que greve é caso de polícia
E manifestação só termina com porrada

Ninguém vai me desacatar:
Então não permita Deus que eu morra
Sem ter mais um pra torturar!

O poder é bem excitante e me dá muito tesão
Como uma trepada ‘lenta, gradual e segura’
Mas é no bolso que vou meter a minha mão
Pois é assim que se mantém a ‘dita’dura

Não interessa se vai ou não gostar:
Por isso não permita Deus que eu morra
Sem ter mais um pra torturar!

Eu sei que Deus está comigo,
Ele seja besta de não estar!
Agora, uma coisa não consigo:
É ajoelhar-me para rezar
E não permita Deus que eu morra
Sem ter mais um pra torturar!

Se vir qualquer pobrezinho que corra
A minha ordem é pegar e espancar
Portanto não permita Deus que eu morra
Sem ter mais um pra torturar!

A polícia pega qualquer pobre que corra
É uma delícia perseguir, pegar e espancar
Por isso não permita Deus que eu morra
Sem ter mais um pra torturar!...
...

(Psiu! Vou falar baixinho, para ninguém escutar, mas na Economia do Regime Militar surgiu um ministro de peso! Será que alguém lembra o nome dele?...)

Nesse país, feliz era a vovozinha!
Pois só ela estimava o Seu Neto
Que lá de sua própria escrivaninha
Baixava mais de um vil decreto

Deixava o povo sem casinha
Isto é, sem casa, sem teto
Feliz era a vovozinha!
Que estimava o Seu Neto

Que ao país, o ‘infeliz’, ‘Deu o fim’,
Aproveitando-se do seu Regime;
Mas tudo isso foi para mim,
Sem nenhuma dúvida, um crime!

E por conta do tal Regime
O Neto providenciou ‘um bolo’
Mas infelizmente nunca foi crime
Fazer o povão daqui de tolo

O Neto queria um grande bolo
Ou, sei lá, o gordo queria um Neto
Mas o povo, já magro, sob o Regime,
E calado, pois falar é que era crime,
Acabou ficando bem quieto.
E é sempre isto o que acontece:
Nesse tipo de Regime
É o povo que emagrece!

Com o ‘Estado de Segurança Nacional’, ‘alguns’ direitos individuais foram extintos e não era incomum ouvir em ‘algumas’ delegacias algo assim:
“Oh! Pião! Se caí na minha mão, vai se ‘fudê’! Num adianta seu adevogado vir com ‘HC’. Aliás, só vai servi pro cê, se isto (HC) fô uma sigla de hospital (rs rs rs). Mas se fô negóço jurídico, etc. coisa e tal, cê vai tomá no cu e nóis vamu te dá um pau; afinal, aqui é Estado de Segurança Nacional; e nóis, depois de tudo isso, ainda vamu ‘te dá um chá de sumiço’ (rs rs rs)”.
Mas depois de 21 anos, o ‘Estado de Segurança Nacional’ atingiu sua maioridade e, talvez por isso, foi embora de casa (de nossa casa). Ainda bem!
...

*Aqui, em São Paulo, fica mais evidente a associação do presidente à obra viária, pois o Elevado Costa e Silva, apelidado de Minhocão, é bem conhecido.

E só para lembrar, a seqüência dos presidentes militares, foi:
Castelo Branco; Costa e Silva; MÉDICE; Ernesto Geisel; e Figueiredo.

Como elementos figurativos, as estrelas (de céu, terra e mar) representam aqui as três forças armadas (Aeronáutica, Exército e Marinha) que, conjuntamente, subordinavam-se ao EMFA e ao presidente da república escolhido por uma cúpula militar. Assim, a fusão da figura do presidente ao comandante em chefe (cabeça) do EMFA seria um dos pilares do governo autoritário, que com o poder das armas, ou seja, poderio bélico que dispunham os milicos, garantiria a qualquer custo (porrada mesmo) a ‘perfeita’ unidade nacional em todas as esferas (política, econômica, civil, etc.; e até mesmo militar, pois no caso de alguns insurgentes, a ordem é sempre ‘pender e arrebentar’). Todas as diretrizes para o país seriam definidas dentro da hermética cúpula que se estabelecera no poder (governo) de forma antidemocrática (embora essa assertiva seja questionada por alguns partidários do governo pós 64). E como verdadeiros maestros, os ‘dedicados’ governantes pós 64, durante 21 anos promoveram, digo, orquestraram, um conCerto totalmente desafinado com os anseios populares; tanto é que nos anos seguintes o país de preparava para um conSerto que se prolongaria (prolonga) até hoje.

Tudo é controverso e passível tanto de críticas, quanto objeções; mas como dizem: ‘Se não é vero, que seja bem trovado’

Será que com este meu texto eu vou ter problemas com a censura?!...

(Agradeço as recentes visitas do meu amigo Daniel ao meu Flog. É sempre um prazer receber os amigos que não esquecem de nós e nos incentivam a sermos sempre autênticos e espontâneos. Além de agradecer também o uso freqüente de seu computador. Obrigado mesmo, Daniel!)

1 Comments:

Blogger Serial Fucker said...

Este comentário foi removido pelo autor.

2:42 PM

 

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